terça-feira, 28 de maio de 2013

o tamanho do teu nome

Quando a luz rompe depois de uma noite escura, a cidade renasce e o teu nome surge timidamente nos cantos do meu dia. Aos poucos vou recuperando letra a letra, até chegar ao tamanho do teu nome. É longo o caminho que separa um A de um S e é também longa a distância que percorro até unir as vogais com as consoantes. Somos registos de um ditado, pronuncia elaborada, frase complexa com verbo terno e infinito. Somos sujeito e predicado e nestas junções silábicas inundamos os conceitos de prosa e de muita poesia.O teu nome surge na alvorada quando desperto para a tua ausência e entao percebo que sem o teu nome completo sou frase extinta de um latim caducado e língua morta sem expressão. Que sejas sempre o tamanho do teu nome!
M.


sábado, 25 de maio de 2013

Sou a tua Casa


"Sou a tua casa, a tua rua, a tua segurança, o teu destino. Sou a maçã que comes e a roupa que vestes. Sou o degrau por onde sobes, o copo por onde bebes, o teu riso e o teu choro, o teu frio e a tua lareira. O pedinte que ajudas, o asilo que te quer acolher. Sou o teu pensamento, a tua recordação, a tua vontade. E também o artesão que para ti trabalha, o medo que te perturba e o cão que te guia quando entras pela noite. Sou o sítio onde descansas, a árvore que te dá sombra, o vento que contigo se comove. Sou o teu corpo, o teu espírito, o teu brilho, a tua dúvida. Sou a tua mãe, o teu amante, o marfim dos teus dentes. E sou, na luz do outono, o teu olhar. Sou a tua parteira e a tua lápide. Os teus vinte anos. O coração sepultado em ti. Sou as tuas asas, a tua liberdade, e tudo o que se move no teu interior. Sou a tua ressaca, o teu transtorno, o relógio que mede o tempo que te resta. Sou a tua memória, a memória da tua memória, o teu orgulho, a fecundação das tuas entranhas, a absolvição dos teus pecados. O teu amuleto e a tua humildade. Sou a tua cobardia, a tua coragem, a força com que amas. Sou os teus óculos e a tua leitura. A tua música preferida, a tua cor preferida, o teu poema preferido. Sou o que significas para mim, a ternura que desagua nos teus dedos, o tamanho das tuas pupilas antes e depois de fazer amor. Sou o que sou em ti e o que não podes ser em mim. Sou uma só coisa. E duas coisas diferentes." Joaquim Pessoa, in "Ano Comum"




B.

sábado, 18 de maio de 2013

poema sobre o amor eterno (valter hugo mãe)



“inventaram um amor eterno. trouxeram-no em braços para o meio das pessoas e ali ficou, à espera que lhe falassem. mas ninguém entendeu a necessidade de sedução. pouco a pouco, as pessoas voltaram a casa convictas de que seria falso alarme, e o amor eterno tombou no chão. não estava desesperado, nada do que é eterno tem pressa, estava só surpreso. um dia, do outro lado da vida, trouxeram um animal de duzentos metros e mil bocas e, por ocupar muito espaço, o amor eterno deslizou para fora da praça. ficou muito discreto, algo sujo. foi como um louco o viu e acreditou nas suas intenções. carregou-o para dentro do seu coração, fugindo no exacto momento em que o animal de duzentos metros e mil bocas se preparava para o devorar “ valter hugo mãe, in “contabilidade”










B.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Amorrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr

   











                                                          TENHO
                                                             
                                          TANTAS
                                                                       SAUDADES
                                                                                 
                                                           TUAS














B.

domingo, 12 de maio de 2013

azul (e branco)

 Que lindo símbolo. Estamos quase lá!!!

Iupiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii









M.

Plano (Nuno Júdice)


"Trabalho o poema sobre uma hipótese: o amor
que se despeja no copo da vida, até meio, como se
o pudéssemos beber de um trago. No fundo,
como o vinho turvo, deixa um gosto amargo na
boca. Pergunto onde está a transparência do
vidro, a pureza do líquido inicial, a energia
de quem procura esvaziar a garrafa; e a resposta
são estes cacos que nos cortam as mãos, a mesa
da alma suja de restos, palavras espalhadas
num cansaço de sentidos. Volto, então, à primeira
hipótese. O amor. Mas sem o gastar de uma vez,
esperando que o tempo encha o copo até cima,
para que o possa erguer à luz do teu corpo
e veja, através dele, o teu rosto inteiro." Nuno Júdice





Deusas do Vento - Nadir Afonso

B.


SLB SLB SLB SLB

Até ao fim há sempre campeonato!










B.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Maria

Sendo eu uma apaixonada pela poesia portuguesa, resolvi adquirir um exemplar da "Poesia reunida" de Maria do Rosário Pedreira. Nunca tinha lido nada desta escritora. E confesso-me apaixonada pelas suas palavras!

O livro não é facil, e a sua poesia martela de forma profunda em temas que são inevitáveis de contornar - o amor, ou melhor o "desamor", as ausências, a morte e as partidas; A casa vazia, desprovida de luz e o silêncio ensurdecedor que invade e engole o soluço. Vale a pena espreitar!

Para quem nada conhece de Maria do Rosário Pedreira, aqui fica um dos meus poemas preferidos:

Não tenho planos, nem promessas, nem
filhos que nos convidem para almoços
de domingo - a minha ideia de família
resume-se a um retrato velho preso numa
gaveta; e o amor possível sei tão-só

o que li nos romances que me salvaram
da desordem quando o meu tempo
andava de ferida em cicatriz. Mas guardo
ainda muitos por estrear para essa estante

que ergueste no corredor como uma casa
nova. E trago portas abertas no coração:

se ainda não sabias, és muito bem-vindo.





M.

terça-feira, 7 de maio de 2013

É um facto...

...(ainda bem que me conheces muito bem e que a cada dia que passa, mais me descobres)

Começo a perder a minha capacidade de resistência e paciência e um dia destes... um dia destes... em breve muito em breve...vou correr ao som da música que me dá coragem e energia para ficar para sempre ao teu lado, Amor... sim quero estar e permanecer sempre ao teu lado.
Obrigada pela presença constante, mesmo que fisicamente ausente sinto-te com todos os meus sentidos.
Ainda bem que o tempo está a chegar... Não poderias ter escolhido música mais adequada a este momento.

Beijo(S)


                                                     sabes...



ADORO SER CONTIGO!


p.s Posso encomendar-te o meu rapto?

p.s2 Imagina tu são 4.34 e estou com energia adicional, I'm dancing... Dance with me?





B.




segunda-feira, 6 de maio de 2013

sábado, 4 de maio de 2013

ausência assanhada

Há certas ausências, a tua, em especial que me destroem aos poucos e transformam a candura da minha vida numa presente amargura.

Quero com isto dizer que ainda que o dia estivesse quente e o vento não soprasse, os instantes que hoje vivi, poderiam ter sido diferentes, mais coloridos e com mais sorrisos.

Vivo emoldurada entre o espaço de mar e o naco de terra, sem perspectivas de partilhar a vida a teu lado. Esta ausência assanhada que insiste em corroer-me, limita-me os meus voos rasantes sobre aquilo que quero ser contigo, a teu lado!

Por isso hoje fui colher flores para estar mais perto de ti...

M.

Não Posso Adiar o Amor (António Ramos Rosa)



Não posso adiar o amor para outro século 
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta 
ainda que o ódio estale e crepite e arda 
sob as montanhas cinzentas 
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este braço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas 
e a aurora indecisa demore 
não posso adiar para outro século a minha vida 
nem o meu amor 
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração. António Ramos Rosa


B.