domingo, 28 de dezembro de 2014

Music




B.

The End or Something like that...


B.

Na Solidão dos Campos de Algodão (Bernard-Marie Koltès)

“… dois homens abordam-se sem se conhecer: diga-me o que quer que eu vendo-lho, diz o primeiro e o outro responde: diga-me o que tem que eu digo-lhe o que quero…
Há aquilo que não se pode dizer e aquilo que não se quer fazer, pois nunca se deve entregar ao outro a fraqueza de mão beijada, existe uma espera louca e tenaz, a descoberta de que se é pobre, pobre de desejos, há todas as feridas que se podem fazer ao desejo do outro e o sofrimento que se descobre e que ao mesmo tempo se rejeita.” Patrice Chéreau


B.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Do verbo Ir


|agora é só ir| vontade de mudar| não olhar para trás| seguir| salta, salta, salta| próximo novo ano| nova mudança| as velhas perguntas| as velhas respostas| JUMP| hoje é o dia| do verbo ir...

criatura



B.




domingo, 14 de dezembro de 2014

Hoje em Palavras

|Apeteces-me| hoje| não conduzi, fui levada| no meio de tanto tempo em desperdício| retomei o cenário de um desejo| a câmara imaginária do meu pensamento| constrói e recria cenários de conversas pouco prováveis| é bom olhar o verde lá da serra da lousã| do vale e do mondego| temos uma ciência perspectiva| gosto de brincar com as palavras| de escutar as músicas das pesquisas| e principalmente perder-me das obrigações| agora estava a tentar ser séria| mas a responsabilidade de nada fazer é perfeita| gosto que me apeteças| boa semana| a todas e todos|


B.

domingo, 30 de novembro de 2014

A Voz que Nos Rasgou por Dentro (Nuno Judíce)

“De onde vem - a voz que
nos rasgou por dentro, que
trouxe consigo a chuva negra
do outono, que fugiu por
entre névoas e campos
devorados pela erva?
Esteve aqui — aqui dentro
de nós, como se sempre aqui
tivesse estado; e não a
ouvimos, como se não nos
falasse desde sempre,
aqui, dentro de nós.
E agora que a queremos ouvir,
como se a tivéssemos reconhecido outrora, onde está?
A voz que dança de noite, no inverno,
sem luz nem eco, enquanto
segura pela mão o fio
obscuro do horizonte.
Diz: "Não chores o que te espera,
nem desças já pela margem
do rio derradeiro. Respira,
numa breve inspiração, o cheiro
da resina, nos bosques, e
o sopro húmido dos versos.”
Como se a ouvíssemos.” Nuno Júdice in Meditação sobre Ruínas


B.

domingo, 2 de novembro de 2014

Galveias

“Com a cabeça limpa, sem pressa, Isabella reflectia na necessidade que todos os países têm de padeiros e putas. Ninguém vive só da massa sólida e regenerativa do pão, como ninguém vive apenas da beleza vaporosa e lírica do sexo. Os corpos precisam desses dois tempos, as nações também” José Luís Peixoto in Galveias




B.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

O Tempo e a Promessa (José Tolentino Mendonça)


“«Accende lumen sensibus» («Ilumina os sentidos»)recitava uma antiga invocação litúrgica, não deixando dúvidas sobre o necessário envolvimento dos sentidos corporais na expressão crente. Os sentidos do nosso corpo abrem-nos à presença de Deus no instante do mundo. Em boa saúde, temos ao nosso dispor cinco sentidos (tato, paladar, olfacto, visão e audição), mas a verdade é que não os aperfeiçoamos a todos devidamente, ou, pelo menos, não os temos desenvolvido da mesma maneira.
Podemos receber e transmitir informações tão diversas pelos sentidos, porque dispomos de um cérebro que elabora e dirige. Mas falta-nos uma educação dos sentidos que nos ensine a cuidar deles, a cultivá-los, a apurá-los. «Não sei sentir, não sei ser humano» escrevia ainda Fernando Pessoa. E continuava: «Senti de mais para poder continuar a sentir.» Efectivamente o excesso de estimulação sensorial em que estamos mergulhados tem um efeito contrário. Não amplia a nossa capacidade de sentir, mas contamina-a com uma irremediável atrofia. «Ah, se ao menos eu pudesse sentir!» – é a proposição do desespero contemporâneo, que advém depois de se ter experimentado tudo, em vertigem e convulsão…” José Tolentino Mendonça in A Mística do Instante - O Tempo e a Promessa 

B.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Dia Internacional do Idoso e Dia Mundial da Música




"O segredo de uma velhice agradável consiste apenas na assinatura de um honroso pacto com a solidão." Gabriel Gárcia Marquez


B.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Não parece, mas ainda por aqui andamos...



CONTRALUZ
“A luz do fundo imprime o seu perfil
com a nitidez de um acordar em Setembro,
sentindo o ar frio do outono contra
as faces rosadas. No entanto, é como se
tivesse mil anos na sua alma, mil
gavetas de recordações que não quer
abrir, deixando para outros o trabalho
de descobrirem, num ou noutro papel,
os apontamentos de um tempo em que
foi livre. Agora, deixa para trás de si
o dia, o brilho da manhã, o voo dos
enxames que abandonam o continente,
e que desejaria seguir para onde não
tivesse de voltar. Ficará fechada
na moldura de uma obscura sala, e
lentamente a madeira que a prende ir-se-á
desfazendo. Ela, no entanto, não perde
a altivez, e entrega-se à eternidade efémera
de quem a vê para logo a esquecer.” Nuno Júdice  in “O Fruto da Gramática”



B.




quarta-feira, 13 de agosto de 2014

terça-feira, 12 de agosto de 2014

sábado, 9 de agosto de 2014

Pernoitas em Mim (Al berto)

“Pernoitas em mim
e se por acaso te toco a memória... amas
ou finges morrer
pressinto o aroma luminoso dos fogos
escuto o rumor da terra molhada
a fala queimada das estrelas
é noite ainda
o corpo ausente instala-se vagarosamente
envelheço com a nómada solidão das aves
já não possuo a brancura oculta das palavras
e nenhum lume irrompe para beberes.” Al Berto  in “Rumor dos Fogos


B.