quarta-feira, 23 de outubro de 2013

So True...

"...sou apenas uma árvore no fundo do quintal. Quem me impede de virar tudo do avesso e plantar os ramos nas nuvens. Ou fazer com as raízes um céu debaixo da terra?" Cotrim & Keil in A Árvore que dava Olhos



B.

domingo, 20 de outubro de 2013

Definição (Nuno Júdice)

”Quem esquece o amor, e o dissipa, saberá
que sentimento corrompe, ou apenas se o coração
se encontra no vazio da memória? O vento
não percorre a tarde com o seu canto alucinado,
que só os loucos pressentem, para que tu
o ignores; nem a sabedoria melancólica das árvores
te oferece uma sombra para que lhe
fujas com um riso ágil de quem crê
na superfície da vida. Esses são alguns limites
que a natureza põe a quem resiste à convicção
da noite. O caminho está aberto, porém,
para quem se decida a reconhecê-los; e os própnos
passos encontram a direcção fácil nos sulcos
que o poema abriu na erva gasta da linguagem. Então,
entra nesse campo; não receies o horizonte
que a tempestade habita, à tarde, nem o vulto inquieto
cujos braços te chamam. Apropria-te do calor
seco dos vestíbulos. Bebe o licor
das conchas residuais do sexo. Assim, os teus lábios
imprimem nos meus uma marca de sangue, manchando
o verso. Ambos cedemos à promiscuidade do poente,
ignorando as nuvens e os astros. O amor
é esse contacto sem espaço,
o quarto fechado das sensações,
a respiração que a terra ouve
pelos ouvidos da treva.”  Nuno Júdice in "Um Canto na Espessura do Tempo"

B.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

As Coisas Mais Simples (Nuno Júdice)

“Nunca são as coisas mais simples que aparecem
quando as esperamos. O que é mais simples,
como o amor, ou o mais evidente dos sorrisos, não se
encontra no curso previsível da vida. Porém, se
nos distraímos do calendário, ou se o acaso dos passos
nos empurrou para fora do caminho habitual,
então as coisas são outras. Nada do que se espera
transforma o que somos se não for isso:
um desvio no olhar; ou a mão que se demora
no teu ombro, forçando uma aproximação
dos lábios.” Nuno Júdice in “Poesia Reunida”


B.


quarta-feira, 16 de outubro de 2013

De cara a la Parede (A Naifa)

“Oiço ainda os corpos  vincar a noite
um campo minado
de corações tristes
explodindo o rosto na parede
foi talvez a nossa última canção
quando as paredes eram já outras
e nas caras se perdiam novos nomes
voltei a ela muitas músicas depois
foi talvez, a nossa última canção
o coração, que me deixaste 
é uma casa difícil de habitar
o coração, que me deixaste 
é uma casa difícil de habitar
um terrível verso solitário
e a culpa, de a ter levado
a um coração onde as canções
onde as canções
morreriam de frio
o coração, que me deixaste 
é uma casa difícil de habitar
o coração, que me deixaste 
é uma casa difícil de habitar” A Naifa



B.


terça-feira, 15 de outubro de 2013

Era disto que eu precisava...


Vamos amor?


                                                                                                   
 DEVE SER UM MOMENTO FANTÁSTICO...
ADORO ESTES (E OUTROS) ANIMAIS!



http://www.diveazores.net/

Podemos ir Tod@s!

B.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Peça Nocturna (Thom Gunn)


“O nevoeiro vagueia lentamente pelo monte abaixo
E à medida que subo torna-se ainda mais denso,
Encerra-me dentro de si, faz-me seu
Como roupa de cama na pedra da calçada.
Aqui se situam as últimas poucas ruas que falta escalar,
Galerias, atravessam veias de tempo,
Quase familiares, onde rastejo
Para o sono como nevoeiro, através do nevoeiro como sono.”  Thom Gunn


B.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

a casa


Desejo contigo construir uma casa!
Pode ser uma casa amarela, branca ou até sem cor, mas que seja a nossa casa.
Uma casa ampla, ainda que pequena, e isso que importa?! mas que seja a nossa casa.
Aquela casa com uma figueira repleta de figos pingo de mel e um girassol à porta, para dar os bons dias aos nossos amigos.
Uma casa com dois cães (pelo menos), um burro e uma ovelha xoné (a comer os teus morangos).


Ah, e desejo contigo construir uma casa com o mar a banhar os nossos pés...

M.