domingo, 24 de fevereiro de 2013

O Amor (Eugénio de Andrade)

Estou a amar-te como o frio
corta os lábios.
arrancar a raiz
ao mais diminuto dos rios.
A inundar-te de facas,
de saliva esperma lume.
Estou a rodear de agulhas
a boca mais vulnerável
A marcar sobre os teus flancos
o itinerário da espuma
Assim é o amor: mortal e navegável.
in "Obscuro Domínio"

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