quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Música e Piano(s)





Yundi - Chopin Prelude no.15 ‘Raindrop’, op.28



Peter Broderick - Eyes Closed and Traveling



André Barros ft Myrra Rós - Reynir 


Arcade Fire - Song on the Beach


Rodrigo Leão, Scott Matthew - Life Is Long





B.

O Eremita Viajante (Matsuo Bashô)

o coração viajante não se enraíza
antes quer ser
braseira ambulante in "O Eremita Viajante", de Matsuo Bashô

B.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Si.lên.cio

| Movimento interno sobre si| nota musical de omissão sonora| razão secreta | um eu em cessação de ruído audível | correspondência telepática | punição | não mencionar palavra | pensamento espacial | tempo | quietude metafórica | não conheço o odor | não conheço o toque | não conheço a forma | não conheço o sabor | não conheço o som | ainda melhor...| às vezes, contigo, preferia não conhecê-lo em qualquer dos sentidos | Pausa |  no rapto das palavras, às vezes mais forte e intenso que elas | entre o profundo e o superficial | entre o complexo e o sem significado | silentium |


B.

sábado, 24 de setembro de 2016

E...Música...

Laura Gibson "Not Harmless"
Heather Woods Broderick - "Wyoming"
Jóhann Jóhannsson - A Sparrow Alighted Upon Our Shoulder
Peter Broderick - I've Tried (Live Studio Version)
Truth Lies Low - Andrew Bird (unofficial music video)



B.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

As Coisas Transitórias (Rabindranath Tagore)

"Irmão,
nada é eterno, nada sobrevive.
Recorda isto, e alegra-te.
A nossa vida
não é só a carga dos anos.
A nossa vereda
não é só o caminho interminável.
Nenhum poeta tem o dever
de cantar a antiga canção.
A flor murcha e morre;
mas aquele que a leva
não deve chorá-la sempre...
Irmão, recorda isto, e alegra-te.
Chegará um silêncio absoluto,
e, então, a música será perfeita.
A vida inclinar-se-á ao poente
para afogar-se em sombras doiradas.
O amor há-de ser chamado do seu jogo
para beber o sofrimento
e subir ao céu das lágrimas ...
Irmão, recorda isto, e alegra-te.
Apanhemos, no ar, as nossas flores,
não no-las arrebate o vento que passa.
Arde-nos o sangue e brilham nossos olhos
roubando beijos que murchariam
se os esquecêssemos.
É ânsia a nossa vida
e força o nosso desejo,
porque o tempo toca a finados.
Irmão, recorda isto, e alegra-te.
Não podemos, num momento, abraçar as coisas,
parti-las e atirá-las ao chão.
Passam rápidas as horas,
com os sonhos debaixo do manto.
A vida, infindável para o trabalho
e para o fastio,
dá-nos apenas um dia para o amor.
Irmão, recorda isto, e alegra-te.
Sabe-nos bem a beleza
porque a sua dança volúvel
é o ritmo das nossas vidas.
Gostamos da sabedoria
porque não temos sempre de a acabar.
No eterno tudo está feito e concluído,
mas as flores da ilusão terrena
são eternamente frescas,
por causa da morte.
Irmão, recorda isto, e alegra-te." Rabindranath Tagore, in O Coração da Primavera

B.

domingo, 31 de julho de 2016

Amor à Primeira Vista (Wislawa Szymborska)

"Ambos estão convencidos
que os uniu uma paixão súbita.
É bela esta certeza,
mas a incerteza é mais bela ainda.

Julgam que por não se terem encontrado antes,
nada entre eles nunca ainda se passara.
E que diriam as ruas, as escadas, os corredores
onde se podem há muito ter cruzado?

Gostaria de lhes perguntar
se não se lembram —
talvez nas portas giratórias,
um dia, face a face?
algum “desculpe” num grande aperto de gente?
uma voz de que “é engano” ao telefone?
— mas sei o que respondem.
Não, não se lembram.

Muito os admiraria
saber que desde há muito
se divertia com eles o acaso.

Ainda não completamente preparado
para se transformar em destino para eles,
aproximou-os e afastou-os,
barrou-lhes o caminho
e, abafando as gargalhadas,
lá seguiu saltando ao lado deles.

Houve marcas, sinais,
que importa se ilegíveis.

Haverá talvez três anos
ou terça-feira passada,
certa folhinha esvoaçante
de um braço a outro braço.
Algo que se perdeu e encontrou?
Quem sabe se já uma bola
nos silvados da infância?

Punhos de poeta e campainhas
onde a seu tempo o toque
de uma mão tocou o outro toque.
As malas lado a lado no depósito.
Talvez acaso até um mesmo sonho
que logo o acordar desvaneceu.

Porque cada início
é só continuação,
e o livro das ocorrências
está sempre aberto ao meio." Wislawa Szymborska

B.

terça-feira, 26 de julho de 2016

Hoje, também os carros dançam (Filipa Leal)

"Hoje, também os carros dançam. As casas movem-se levemente. E eu – que mudei de casa e de roupa, de cidade e de cama, de palavras... Eu, que mudei de música e de carro, de saudade, de quarto... Eu – que mudei de computador e de rua, de eternidade e de paisagem, de abraço e de clima... Eu – que mudei de língua e de lágrimas, de deus e de caderno, de crenças e de céu... Eu – que mudei de lume, que mudei de medos... Eu – que mudei de planos, de lençóis, de secretária... Eu – que mudei de óculos e de rumo, de amigos, de champô, de rituais e de supermercado... Eu – que mudei de tudo que em quase nada mudou, mudei de dentro de mim para dentro de ti, meu amor." Filipa Leal in Talvez os Lírios Compreendam, 2004



B.

quarta-feira, 8 de junho de 2016

On...


AlunaGeorge - I'm In Control ft. Popcaan

Eryn Allen Kane - "Slipping"


Nao - In the Morning


Nick Hakim - I Dont't Know


B.




.

domingo, 5 de junho de 2016

A Exploração da Liberdade (Byung-Chul Han)

"A liberdade foi um episódio. “Episódio” significa “entreato”, “intervalo entre dois atos”. O sentimento de liberdade situa-se na transição de uma forma de vida para outra, até acabar por se revelar como uma forma de coacção. À libertação segue-se, deste modo, uma nova submissão. É este o destino do sujeito, que literalmente significa “estar submetido”.
Cremos hoje que não somos um sujeito submetido, mas um projecto livre, que se repõe em questão e reinventa constantemente. Ora, acontece que…” Byung-Chul Han In Psicopolítica

B.

Mais Música


B.

terça-feira, 3 de maio de 2016

EStás aí?

...Hoje apeteceu-me gritar-te.
Estás aí? aí...aíííííí...aííííííí...
Queria sentir-te pelo som, pelo eco do meu grito...
E sim. É só isto. Q u e r i a  g r i t a r - t e!
Às vezes é preciso. Julgamos que nos fazemos ouvir mais depressa.
Que as nossas palavras ganham outra dimensão, assim como a capacidade de serem escutadas.
...Hoje apeteceu-me gritar-te.
Estás aí? aí...aíííííí...aííííííí...


B.

sábado, 30 de abril de 2016

Do You Mind?

"Tell me I need to know,
where do you wanna go,
cuz if you're down,
I'll take it slow,
make you lose control

Baby would you like,
to spend the night,
the whole night,
and maybe if you play it right,
you can be all mine

Do you mind if I take you home tonight,
stay another day,
if that's okay,
tell me baby,
would you mind if I take you home with me,
where no one can see,
so don't be shy

night, night, night, the whole night

night, night, night, the whole night

Baby,
I like your style,
so lets get it on,
when we touch,
I can't get enough,
I'm falling for youu,
Honey would you like,
to make love tonight,
the whole night,
and baby,
if you play it right,
you can be all mine

Do you mind if I take you home tonight,
stay another day,
if that's ok,
tell me baby,
would you mind if I take you home with me,
where no one can see,
so don't be shy

Night, night, night, the whole night" The Xx

B.

terça-feira, 12 de abril de 2016

Uma conversa

Há dias, em que apetece ter uma conversa, com Alguém, a brincar com as palavras... Hoje é um dia desses, obrigada estrada por este diálogo!
estrada - o que é uma estrada?
meridiano - uma estrada...
estrada - diz-me, a sério, o que é uma estrada?
meridiano - uma estrada é uma...
estrada - porque motivo não respondes à minha pergunta. Diz-me, o que é uma estrada?
meridiano - Talvez a linha do meio-dia.
estrada - e porque dizem que é um caminho?
meridiano - Talvez porque é uma constante.
estrada - Também dizem que a estrada liga as pessoas?
meridiano - Talvez porque as pessoas passam nela.
estrada - Que passo devemos ter na estrada?
meridiano - Talvez um (com)passo que nos permita estar, ir... e no dia ser!
O vento interrompeu abruptamente a conversa, subitamente a mesa apareceu delicadamente posta. Três cadeiras, três chávenas com pires, um bole e um prato com três biscoitos.Sim! E um relógio de água em cima de cada um dos três guardanapos de linho branco. A seguir ao primeiro trago, todos rodam de lugar e depois, de novo, bebem mais um gole. Assim, o tempo não passa tão depressa e estamos...

B.

segunda-feira, 21 de março de 2016

E Porque é o Dia Mundial da Poesia...

"na hora de pôr a mesa, éramos cinco:
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs
e eu. depois, a minha irmã mais velha
casou-se. depois, a minha irmã mais nova
casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje,
na hora de pôr a mesa, somos cinco,
menos a minha irmã mais velha que está
na casa dela, menos a minha irmã mais
nova que está na casa dela, menos o meu
pai, menos a minha mãe viúva. cada um
deles é um lugar vazio nesta mesa onde
como sozinho. mas irão estar sempre aqui.
na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.
enquanto um de nós estiver vivo, seremos
sempre cinco." José Luís Peixoto in A Criança em Ruínas

 "Limpo de tédio os meus olhos para te receber,
ó primavera, e um dilúvio de miosótis faz-me regressar
à estação das chuvas, ouvindo o correr das águas
numa impaciência de estuário. Lanço a pedra do outono
contra o anjo cego da madrugada, e as suas asas
estendem-se sob as nuvens que desceram até ao campo
onde a pastora se perdeu do rebanho, e me pergunta
o caminho para a última clareira do vale. Sento-me
ao seu lado, sob o freixo antigo, e o vento convalescente
do temporal seca-lhe as lágrimas, enquanto a dispo
da sua túnica de écloga, para que o seu corpo beba
um licor de pétalas adormecidas.
«Nestas encruzilhadas, o amor virá ao vosso
encontro, ó amantes incertos! Trará nas suas mãos
as cinzas quentes de um vago desejo, e pedir-lhes-á
que as apanhem, para que um fogo de imagens
os empurre um contra o outro!» Foi o que a pastora me contou,
com a sua voz enrouquecida pela noite; e fez-me folhear
as páginas do seu corpo em busca de um verso esquecido,
como se o pudesse esculpir na sua pele. Mas as suas mãos
prendiam o tempo, e os seus olhos abriram-me
o labirinto para onde me chamou, no convite
impaciente das amadas sem destino – essas que
deixaram no horizonte sem névoa
o sulco de um reflexo."  Nuno Júdice in Navegação de Acaso

Dizia-te do minuto certo. Do minuto certo do amor. Dizia-te que queria olhar para os teus olhos e ter a certeza que pensavas em mim. Que me pensavas por dentro. Que era eu a tua fantasia, o teu banco de trás. O teu desconforto de calças caídas, de pernas caídas, da rua que não estava fechada porque nenhuma rua se fecha para o amor.
Na cidade do meu sono, havia palmeiras onde alguns repetiam putas e charros e atiravam pedras ao rio. Mas eu nunca gostei de clichés. Nem de quartos de hotel. Nem de camas que não conheço. Eu nunca abri as pernas, entendes? Nunca abri as pernas no liceu. Nunca abri as pernas aos dezassete anos, de cigarro na mão. Eu nunca me comovi com o sonho de ser tua. Eu nunca quis que ficasses, entendes? Que viesses. Queria que quisesses de mim esse minuto certo, essa rua húmida de ser norte. Queria que me quisesses certa, exacta, como o minuto onde me pudesses encontrar. Eu nunca quis de ti uma continuidade, mas um alívio, uma noção de ser gente, entendes? Eu nunca quis de ti o sonho do sono ou da viagem. Nunca te pedi o pequeno-almoço, a ternura. Nunca te disse que me abraçasses por trás, que adormecesses. Eu nunca quis que me desses casa e filhos e lógica. Que me convidasses para dançar. Queria os teus olhos a fecharem-se comigo por dentro e tu por dentro de mim.
Queria de ti um minuto. Um minuto.” Filipa Leal in Egoísta n.º 32


B.

domingo, 24 de janeiro de 2016

A ver se é desta...

cada vez mais julgo que importa conseguirmos olhar para nós ou para o outro e ter a capacidade de nos interrogarmos e sentirmos sobre tudo ou nada, em encontro...



B.

domingo, 10 de janeiro de 2016

Pequeno Livro Do tempo (Suzana Ramos)

"...Não tenhas pressa, mas também não percas tempo... A minha avó diz que são muito amigas e que isso é uma coisa que leva tempo, porque o tempo é que diz quem são os amigos que ficam e não pode apagar aquilo que já se viveu...Há dias, como não havia horas para fazer nada, era também a altura ideal para fazer tudo...
Qual é o relógio que tem as horas certas?..." in Pequeno Livro Do tempo (Suzana Ramos, Edições Afrontamento)



B.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Sem Princípio, Meio ou Fim (Marco António)

Num primeiro contacto nunca ficamos a saber tudo sobre alguém, mas apenas alguma coisa; o que é possível, dadas as circunstâncias, ou aquilo que quem conhecemos se permite dar a conhecer. Ficamos, no fundo, apenas com uma primeira impressão. Depois disso, se não houver qualquer outro contacto posterior, temos a opção de imaginar (ou não) aquilo que terá ficado por saber.” Marco António in Sem princípio, meio ou fim

B.