gosto de borboletas sim/também gosto de saltitar/de pegar na máquina ou em mim, ou em nós e andar por ai/gosto de tudo/às vezes de nada/complico e exijo/não simplifico/corro atrás de ti/ atrás de disto e daquilo e de outra coisa que descobri também gostar/busco a perfeição/ a evolução/ a aprendizagem/ sou uma eterna aprendiz/sem raiz só na terra, mas também no ar e no mar/talvez principalmente nos sonhos/procuro/perco-me em tanto tema/música, música, música, teatro, desporto, teatro, desporto,outro desporto, criar, livros, outros livros, voltar a estudar, novamente a estudar/às vezes perco-me e canso-me/deixei a bússola e o relógio de sol/ penso, volto a pensar/ enfim , uma canseira/agradável, curiosa, romântica, aprendiz e pronto um pouco louca/uma verdadeira caçadora de borboletas/daquelas de dia e de noite/ou também dos seus primos pirilampos/ou de todos os outros bichos, principalmente os não domésticos/bom desses, um Mr. B. já babou a minha cozinha e colocou o seu focinho na minha almofada/e lá está/já viajo noutros temas, noutros mundos, noutras vontades/ir é sempre o caminho, principalmente para descobrir/pois, ok, planeta terra chama para se optar/vou escolher em breve/sim/ e focar-me/pelos menos por agora, preciso/love you!
B.
sábado, 30 de novembro de 2013
sexta-feira, 29 de novembro de 2013
caça borboletas
Ás vezes, quando sais de casa e te pões a contar como foi o teu dia, na aldeia fria, fico a imaginar-te os passos.
Imagino-te um caçador de borboletas que saltita e saltita para tentar agarrar tudo numa só rede. Tentas as borboletas com cor, as sem cor, os insetos que se atravessam, os sorrisos que se atropelam, os abraços que te agarram, as arrelias que te consomem, os queixumes que te engolem, a chuva que se te escapa por entre a rede (e tu insiste em apanhá-la), os raios que se soltam do orvalho e até os flocos que condensam as tuas mãos. E depois perdes tudo...
O teu mundo é enorme, mas o teu dilema em o querer todo de uma só vez, é ainda maior. A tua vida vai curta ainda e a aprendizagem para se alcançar uma vida longa, não se faz num só dia, faz-se em imensos dias.
Bem sei que os sabores são múltiplos e que as cores podem refletir num arco-íris e que esse arco-íris, hoje aparece, amanha não sei... mas também sei que nesta correnteza de quereres, há primazia para poucos e que, é nesses poucos, que nos vamos construindo e fortalecendo até ao finito, recolhendo nesta cruzada, outros quereres com ou sem cor que a vida nos encarrega de servir. É importante saber escolher e saber deixar para trás, ainda que o que fique seja igualmente bom!
M.
domingo, 24 de novembro de 2013
Detesto Despedidas
Vou pedir ajuda ao coelho branco da Alice/detesto despedidas/começo a perder a paciência/queria estar simplesmente contigo/sem tempos ou espaços contados/mas principalmente sem tempo para despedidas/adoro envolver-te nas minhas asas/ guardar-te o sono/preparar um pequeno almoço fantástico/sentir-te respirar/encontrar um ritmo em uníssono e perder-me em ti/quero estar ao teu lado, sempre/espero que este tempo passe bem depressa/detesto despedidas.
B.
sábado, 23 de novembro de 2013
Espero-te
Quero tanto abraçar-te/estas
ausências marcam descaradamente o meu tempo/detesto estar sem te sentir/o olhar
parece em morte lenta/preciso do fôlego da presença/vem, vem rápido/a lareira
está acesa/os copos em cima da mesa/há figos, nozes e a manta está pronta/hoje, vou ter-te de novo aqui/
B.
sexta-feira, 22 de novembro de 2013
Aves por mão própria I - Phoenicopterus roseus
Uma das muitas paixões é esta, a de cruzar os céus, a terra, o mar, a montanha, o horizonte, os bosques e o mundo com o olhar. Se muitas vezes o único registo é o que cada um dos meus olhos guarda, por vezes acrescento outro...
Bem sei amor, que a minha concentração não deveria estar focada no meridiano, mas enquanto procurava o trabalho perdi-me nestas grafias de outro dia. Naquele dia, em que tu tranquilamente me observavas do ponto de vigia e eu ausente, deitada sobre a húmida erva absorvia com todos os meus sentidos, o que me rodeava. Já tinha saudades do campo e de permanecer junto a eles.
Qual bando qual quê, parecia uma manada de um acinzentado-rosado irrequieto e em sintonia, brutal...e o som?Também o guardo, claro.
sábado, 16 de novembro de 2013
Modo: Entrada em Hibernação
O horizonte
marca o tempo/ esta noite caíram delicadamente sobre a montanha/ os primeiro
flocos de neve/vivemos uma época de desaconchego/não tem sido fácil/quem sabe
se apanhar um avião/ ajudava a perder ou a encontrar/gosto do cheiro do rio/a
cidade longe/vai em breve ser a casa/não olhes para trás/corre na floresta e
colhe cogumelos/que delicada luz te toca o rosto/ a sobrevivência também
implica reduzir as funções vitais/estou sem paciência para esta sonolência/
ainda espreita o sol a lagartixa/ letárgica/guarda tantas sabedorias/ a pele
velha da idade/é bom conversar ao teu lado/continuar/porque não é suficiente
para mim/ a brisa fria relembra/como que a enquistar/que os sonhos não se podem
perder/guarda-os/não demores/faz e sorri/sabe bem/quase perfeito/o abraço ficou
a meio/temos direito/aos trilhos/com flores/histórias de sempre/neste
momento/só parece possível o modo de hibernação/a festa virá depois/ ao virar
de página/
B.
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
Blues da morte de amor (Vasco Graça Moura)
“Já
ninguém morre de amor, eu uma vez
andei
lá perto, estive mesmo quase,
era
um tempo de humores bem sacudidos,
depressões
sincopadas, bem graves, minha querida,
mas
afinal não morri, como se vê, ah, não,
passava
o tempo a ouvir deus e música de jazz,
emagreci
bastante, mas safei-me à justa, oh yes,
ah,
sim, pela noite dentro, minha querida.
a
gente sopra e não atina, há um aperto
no
coração, uma tensão no clarinete e
tão
desgraçado o que senti, mas realmente,
mas
realmente eu nunca tive jeito, ah, não,
eu
nunca tive queda para kamikaze,
é
tudo uma questão de swing, de swing, minha querida,
saber
sair a tempo, saber sair, é claro, mas saber,
e
eu não me arrependi, minha querida, ah, não, ah, sim.
há
ritmos na rua que vêm de casa em casa,
ao
acender das luzes, uma aqui, outra ali.
mas
pode ser que o vendaval um qualquer dia venha
no
lusco-fusco da canção parar à minha casa,
o
que eu nunca pedi, ah, não, manda calar a gente,
minha
querida, toda a gente do bairro,
e
então murmurarei, a ver fugir a escala
do clarinete: — morrer ou não morrer,
darling, ah, sim.” Vasco
Graça Moura, in "Antologia dos
Sessenta Anos"
B.
quarta-feira, 13 de novembro de 2013
Quando ficamos como assim (José Luís Peixoto)
"Quando ficamos como assim, a
ouvirmo-nos e a falarmo-nos, somos capazes de descobrir muito mais do que todos
eles, obedientes e assustados.
Como aqui, assim, estas palavras a
levarem esta voz fazem-nos saber que estamos juntos, mesmo quando não há uma
sala com estas paredes e só conseguimos duvidar e duvidar desta verdade.
Estamos juntos, mesmo quando nos
separarmos pelas ruas e, dentro de nós, somos um exército de segredos, mesmo
quando nos escondermos do mundo que desejamos e que desejamos
indescontroladamente, desincomparavelmente, como um silêncio que mente e mente
e não mente.
Estamos juntos no silêncio, apesar
desta voz carregada por estas palavras, apesar das formas todas dos nossos
corpos e dos desenhos que somos capazes de fazer com o olhar. As nossas mãos
procuram-se à noite, dentro das luzes apagadas. As nossas mãos, nossas,
encontram-se agora e são invisíveis. Sabemos que os nossos dedos tocaram outros
dedos, tocaram nomes e cordas de guitarra. Sabemos quem somos. Somos muitos e
sabemo-nos reconhecer. Assim, como aqui, esperamos a madrugada, sabendo que
fomos nós, juntos, que a construímos. Esperamos muito mais do que a madrugada.
Temos a força de para sempre,
aprendermos a renúncia de nunca mais. A disciplina está enterrada naquilo que
não é medo, é força, e que nos protege, que nos protege de nós próprios. Esta
voz, se eles conseguirem entender esta voz, mudaremos de língua. Esta voz é
esta sala. Esta voz são os caminhos que fizemos à margem das cidades e de
argumentos razoáveis. As palavras são pedras. As certezas perseguiram-nos e
abrandamos para que nos alcançassem.
Agora, controlamos pontes e
quotidianos. Agora, esta voz dirige-se ao teu rosto.
Nada nos é impossível. Nem mesmo o
impossível nos é impossível. Explicamo-nos uns aos outros e, sem que ninguém
nos perturbe, encontramo-nos sempre como agora, aqui, assim, como agora, aqui,
assim." José
Luis Peixoto In Gaveta de Papéis
B.
domingo, 10 de novembro de 2013
sexta-feira, 8 de novembro de 2013
Saudades acto II
Não resisto/escrevo as palavras/corro de um lado para o outro/pois não/não é ainda na tua direcção/ mas em todas as outras/subo por montes e planícies/vejo rochas e céus/mas não te vejo a ti/porque a distância aumenta esta impaciência/procuro na bússola o norte para te (re)encontrar/aprendizagem/silêncio/
ausência/sem tempo/muito tempo noutros silêncios ou músicas/os poemas de outros que gosto/para ti/para/esconder a falta de inspiração/trabalho e mais trabalho/sim/mais trabalho/enfim/palavras para quê/morro de saudades Tuas/
p.s.2 <3
B.
quinta-feira, 7 de novembro de 2013
Liberdade (Miguel Torga)
“—
Liberdade, que estais no céu...
Rezava
o padre-nosso que sabia,
A
pedir-te, humildemente,
O pio de cada dia.
Mas
a tua bondade omnipotente Nem me ouvia.
— Liberdade, que estais na terra...
E a
minha voz crescia
De
emoção.
Mas
um silêncio triste sepultava
A fé
que ressumava
Da
oração.
Até
que um dia, corajosamente,
Olhei
noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear,
enfim,
O
pão da minha fome.
—
Liberdade, que estais em mim,
Santificado
seja o vosso nome.” Miguel
Torga
B.
quarta-feira, 6 de novembro de 2013
O labirinto (Jorge Luís Borges)
“Este
é o labirinto de Creta. Este é o labirinto de Creta cujo centro foi o
Minotauro. Este é o labirinto de Creta cujo centro foi o Minotauro que Dante
imaginou como um touro com cabeça de homem e em cuja rede de pedra se perderam
tantas gerações. Este é o labirinto de Creta cujo centro foi o Minotauro, que
Dante imaginou como um touro com cabeça de homem e em cuja rede de pedra se
perderam tantas gerações como Maria Kodama e eu nos perdemos. Este é o
labirinto de Creta cujo centro foi o Minotauro, que Dante imaginou como um
touro com cabeça de homem e em cuja rede de pedra se perderam tantas gerações
como Maria Kodama e eu nos perdemos naquela manhã e continuamos perdidos no
tempo, esse outro labirinto.” Jorge
Luís Borges
B.
domingo, 3 de novembro de 2013
sábado, 2 de novembro de 2013
sexta-feira, 1 de novembro de 2013
Quando ficamos como assim (José Luís Peixoto)
"Quando ficamos como assim, a
ouvirmo-nos e a falarmo-nos, somos capazes de descobrir muito mais do que todos
eles, obedientes e assustados.
Como aqui, assim, estas palavras a
levarem esta voz fazem-nos saber que estamos juntos, mesmo quando não há uma
sala com estas paredes e só conseguimos duvidar e duvidar desta verdade.
Estamos juntos, mesmo quando nos
separarmos pelas ruas e, dentro de nós, somos um exército de segredos, mesmo
quando nos escondermos do mundo que desejamos e que desejamos
indescontroladamente, desincomparavelmente, como um silêncio que mente e mente
e não mente.
Estamos juntos no silêncio, apesar
desta voz carregada por estas palavras, apesar das formas todas dos nossos
corpos e dos desenhos que somos capazes de fazer com o olhar. As nossas mãos
procuram-se à noite, dentro das luzes apagadas. As nossas mãos, nossas,
encontram-se agora e são invisíveis. Sabemos que os nossos dedos tocaram outros
dedos, tocaram nomes e cordas de guitarra. Sabemos quem somos. Somos muitos e
sabemo-nos reconhecer. Assim, como aqui, esperamos a madrugada, sabendo que
fomos nós, juntos, que a construímos. Esperamos muito mais do que a madrugada.
Temos a força de para sempre,
aprendermos a renúncia de nunca mais. A disciplina está enterrada naquilo que
não é medo, é força, e que nos protege, que nos protege de nós próprios. Esta
voz, se eles conseguirem entender esta voz, mudaremos de língua. Esta voz é
esta sala. Esta voz são os caminhos que fizemos à margem das cidades e de
argumentos razoáveis. As palavras são pedras. As certezas perseguiram-nos e
abrandamos para que nos alcançassem.
Agora, controlamos pontes e
quotidianos. Agora, esta voz dirige-se ao teu rosto.
Nada nos é impossível. Nem mesmo o
impossível nos é impossível. Explicamo-nos uns aos outros e, sem que ninguém
nos perturbe, encontramo-nos sempre como agora, aqui, assim, como agora, aqui,
assim." José
Luis Peixoto In Gaveta de Papéis
B.
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