“Amo o teu túmido candor de astro
a tua pura integridade delicada
a tua permanente adolescência de
segredo
a tua fragilidade acesa sempre
altiva
Por ti eu sou a leve segurança
de um peito que pulsa e canta a sua
chama
que se levanta e inclina ao teu
hálito de pássaro
ou à chuva das tuas pétalas de
prata
Se guardo algum tesouro não o
prendo
porque quero oferecer-te a paz de
um sonho aberto
que dure e flua nas tuas veias
lentas
e seja um perfume ou um beijo um
suspiro solar
Ofereço-te esta frágil flor esta
pedra de chuva
para que sintas a verde frescura
de um pomar de brancas cortesias
porque é por ti que vivo é por ti
que nasço
porque amo o ouro vivo do teu rosto.”
António Ramos Rosa in “O Teu Rosto”B.