sábado, 28 de setembro de 2013

É por Ti que Vivo (António Ramos Rosa)

“Amo o teu túmido candor de astro
a tua pura integridade delicada
a tua permanente adolescência de segredo
a tua fragilidade acesa sempre altiva

Por ti eu sou a leve segurança
de um peito que pulsa e canta a sua chama
que se levanta e inclina ao teu hálito de pássaro
ou à chuva das tuas pétalas de prata

Se guardo algum tesouro não o prendo
porque quero oferecer-te a paz de um sonho aberto
que dure e flua nas tuas veias lentas
e seja um perfume ou um beijo um suspiro solar

Ofereço-te esta frágil flor esta pedra de chuva
para que sintas a verde frescura
de um pomar de brancas cortesias
porque é por ti que vivo é por ti que nasço
porque amo o ouro vivo do teu rosto.”  António Ramos Rosa in “O Teu Rosto”

B.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

definições

Hoje, quando passava as minhas mãos por um desenho chinês, de uma artista contemporânea, pensava no quão, por vezes, somos tão esquecidos. 

Ontem, quando vinha do Porto e ouvia na rádio a triste notícia do falecimento de António Ramos Rosa, pensava no quão frágeis nos tornamos.


Amanhã, quando o verbo partilhar se conseguir conjugar com o verbo amar, então vou pensar no quão felizes vamos ser...


AMO-TE!


M.

Aves VIII

Ontem estive perto...

Abutre do Egipto ou Britango (Neophron percnopterus)




http://www.avesdeportugal.info/neoper.html


Mergulhão-de-crista (Podiceps cristatus)


B.

domingo, 22 de setembro de 2013

A Língua (Maria Teresa Horta)

"Quanto mais lenta
é a língua
             ( a tua língua)
mais breves são os lábios
e sobretudo os dentes
a resvalarem breves na saliva
misturada já
no cimo do meu ventre
Quanto mais branda
é a língua
            ( a tua língua)
mais deliciosos são os lábios
e as gengivas
a enrrijecerem
com a avidez do suco
que brota logo do fruto
da vagina
Quanto mais leve
é a língua
             ( a tua língua)
mais pesado é o hábito
que circula
enovelando o que sobra ainda
de lucidez
de prazer
e gula" Maria Teresa Horta in As Palavras do Corpo



B.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Cada um Cumpre o Destino que lhe Cumpre (Ricardo Reis)

"Cada um cumpre o destino que lhe cumpre,
E deseja o destino que deseja;
Nem cumpre o que deseja,
Nem deseja o que cumpre.
Como as pedras na orla dos canteiros
O Fado nos dispõe, e ali ficamos;
Que a Sorte nos fez postos
Onde houvemos de sê-lo.
Não tenhamos melhor conhecimento
Do que nos coube que de que nos coube.
Cumpramos o que somos.
Nada mais nos é dado." Ricardo Reis, in "Odes" 


B.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

domingo, 8 de setembro de 2013

A Árvore... e Para onde... ( Cotrim & Keil; Martins & Matoso)

"Sou um árvore. Tenho raízes no coração da terra e ramos que fazem cócegas nas nuvens...Sou apenas uma árvore no fundo do quintal, mas sei que com os olhos se vai longe. Desde que estejam, abertos, bem abertos." In A Árvore que dava olhos, Cotrim & Keil


“…Felizmente (ou infelizmente sei lá) não somos os únicos a desaparecer.
Com todas as outras coisas do mundo, acontece o mesmo.
O sol, as nuvens, as folhas e até as férias
Estão sempre
A começar e a acabar,

A aparecer e a desaparecer.” In Para Onde vamos quando Desaparecemos?, Martins & Matoso


B.

sábado, 7 de setembro de 2013

Music II





B.

Um amor como o dos meus Avós


Mesmo na ausência física de um,
o amor permanece e evolui.

Um brinde a todos os avós!

B.

O Encontro Algures (MJ)

“A presença na escuridão faz sentir o toque da pele
enquanto
o encontro da luz captura a silhueta nos olhares,
a metáfora insipiente da
ausência não rasga o contraste do território,
 o barulho que embala cada caminho é um bosque em perfeito
 desencontro.
que pode a sabedoria perdoar quando a fuga simples e maquiavélica partir,
 o julgamento começa aqui
junto da parcela celular.
e adormecer é quase uma escassez de recursos mas
raiar e luar não são actividades verbais do fugitivo.
 As cidades são pessoas pessoas com invisíveis sonhos e viagens no mundo.
 Mergulhando nas nuvens flutuam sempre os medos.
 As perfeições são ilhas que alicerçam as capacidades
 as virtudes fantasmas que anseiam  presenças
dos sentidos pêsames das perdas.
O encontro algures.”    MJ in Caderno IV do Palavras com Tempo


B.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Mais dia está por raiar (Thoureau)

“Por simples ignorância e equívoco, muita gente, mesmo neste país relativamente livre, se deixa absorver de tal modo por preocupações artificiais e tarefas superfluamente ásperas, que não pode colher os frutos mais saborosos da vida…” “…Só amanhece o dia para o qual estamos acordados. Mais dia está por raiar…” Thoureau in Walden ou a vida nos bosques


B.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Pessoas pouco Pessoas


Já em tempos escrevi que não conhecia a minha tão grande paciência...acredito que a tenho hoje fruto das aprendizagens que fiz junto das pessoas mais importantes na minha vida, no entanto, nos últimos tempos tem sido um despender de paciência, com pessoas pouco pessoas. Começo a pensar que em breve um dos meus filões se perdeu em vão.
Nestas últimas abordagens caricatas, não resisto a fazer aquele meu ar, graças aos meus imensos olhos, mas ainda me vou escudando de responder impulsivamente. Acho inacreditável como temos que continuar a desperdiçar o nosso tão belo e precioso tempo, com pessoas pouco pessoas.
Há dias assim e eu queria tanto mudar de ar e de tempo, para estar apenas e só com as pessoas pessoas, aquelas, em vias de extinção.
Hoje vou brindar e dançar às pessoas pessoas!



B.