Sempre que acordo depois de um sono mais inquietante, apareces-me nos pensamentos. Vejo-te sempre, ou quase sempre, à janela de um quarto de hotel, nua, de costas para mim e a olhar para a rua.
O teu olhar parece trespassar a vidraça para poisar sobre um circulo de nuvens. São sempre as mesmas nuvens estas, de cor laranja, densas e flutuantes, sem mais nenhum ponto de cor ou outra aparência, apenas nuvens que, ao invés de serem brancas, são laranja, ou salmão (talvez).
Depois surge um pássaro estranho, temeroso, diria, com umas asas enormes e recortadas, de crista levantada e que te transporta qual Pegasus. Talvez neste sonho eu te confundisse com Belerofonte, filho de Poseidon e dono do cavalo com asas.
Depois, bem depois, vejo-te a partir ao som de Corciolli, levando entre as mãos o teu som FIDELIO...
M.
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