“ Segundo um
lugar‑comum profundamente enraizado,
amor e filosofia têm más relações entre si. Estarão mesmo de costas voltadas, pelo menos desde a era moderna. O
amor, sentimento encantador por excelência, teria resistido mal ao desencanto
generalizado do mundo moderno. O pequeno Cupido, de aspecto ora pueril ora
hostil, com as suas asas escondendo um arco mortífero, teria ido juntar‑se aos outros deuses no cemitério das
velhas tolices.
No fundo, a
tradição pessimista dos moralistas franceses teria vencido na batalha do amor.
Sob um romantismo tonto, seriam na realidade o sexo, o calculismo e o desejo de
poder que se dissimulariam grosseiramente. O sentimento amoroso não
justificaria, portanto, que se perdessem com ele duas horas de esforço
conceptual. Ao abordar um aspecto de tal forma central na vida humana, não é
contudo pequena a surpresa de constatar que ele é quase um terreno baldio,
abandonado aos romancistas do niilismo sexual, aos sociólogos de uma nova
«confusão amorosa» ou a uma religiosidade de pacotilha. Ninguém tenta
verdadeiramente confrontar os diferentes pontos de vista filosóficos acerca do
amor, a tal ponto que já quase se poderia encontrar, a respeito deste tema, uma
profundidade maior nas canções populares do que entre os pensadores
contemporâneos.” Lancelin & Lemonnier
B.
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